domingo, 9 de janeiro de 2011

continuando...

Chegou o ano novo, vida nova. Todos se arrumaram e foram para a beira do mar, festejar a chegada de um novo ano. Ele, como de costume, foi também, e bebeu, como de costume.

Ela se enfeitou toda, como nunca. Tirou seus óculos, agora usava lentes. Colocou seu vestido branco, batom vermelho e saiu.

Por isso que eu acreditei, pois os adolescentes não sabem o que fazem, suas mentes são tão prematuras, como as borboletas quando ainda não sabem voar. E então, eu sorri.

Ela estava tão linda naquela noite, tão sozinha, a procura de alguém que a embalasse para um banho de mar. Ele, estava sóbrio, até a meia-noite, e como todos os meninos vivem a procura de meninas, ele ainda não havia encontrado a certa, para aquela noite.

Estava distraído quando a avistou, ela estava jogando flores ao mar, segurando as pontas de seu vestido para que não molhasse, e ele, quase como um sexto sentido, sentiu que fosse ela e foi dropando até seu encontro.

Chegou bem perto dela, sentiu seu perfume, tirou algumas de suas peças, e foi correndo dar um mergulho.

Eu não me dei conta do que estava acontecendo, mas ela fez o mesmo.

Sem nem saber o nome um do outro, eles se beijaram, um daqueles beijos intermináveis, suplicando a paz da alma. E ela desapareceu, não para sempre, mas de seus olhos.

E bastou, bastou para que ele percebesse de que ela não havia sido apenas uma de suas garotas, ela nem ao menos pertenceu-lhe, e seu desaparecimento o deixou com a sensação de menina insegura e delicada, uma destas, certinhas, que nunca beijou ninguém sem antes conhecer.

Então, ele passou dias e noites, pensando na menina que havia tocado seu coração, e então, já não fazia sentido beijar outras bocas.

Ela, passou a semana inteira de castigo, por ter chegado em casa só de biquíni e com os cabelos molhados. Mas nem assim, deixou de pensar do beijo com gosto de mar. Quando chegou a sua vez, saiu de noite a procura de algo que acamasse seu coração.

Ele o mesmo fez.

Quando se deram conta, haviam subido as pedras, como instinto de animal e procura da preza. Encontraram beiras vazias e solitárias e quando se deram conta, estavam juntos, e ela já havia desaparecido, antes mesmo de que ele pudesse perguntar seu nome.

Eu acredito, que estes seres, nunca mais seriam o que eram, e que até o mar e as noites mudaram de forma.

E enquanto um procurava o outro, em noites escuras, por entre o mar e na beirada da praia, a vida foi passando, eles foram crescendo e tudo mudando.

Ela viajou, foi fazer intercâmbio no Canadá e ele ficou na cidadezinha, com seu pensamente voando alto, mas sem sair do chão.

Ela conheceu outras pessoas, falava inglês muito bem, chamava atenção, pois seu jeito brasileira de ser, era belo. Conheceu um canadense, que ao invés de lhe beijar com os olhos fechados, a levava para jantar fora, lhe dava jóias de presente e era maduro. Lhe deu valor, durante todo o tempo que esteve com ela, lhe mostrou o melhor que lhe podia oferecer, mas mesmo assim, seu amor desconhecido ainda batia dentro de seu peito.

Ele, com sua vida de indecisões, ficou trabalhando com sua mãe, que tinha uma loja. Não ganhava muito, e o dinheiro que recebia, gastava com bebidas e mulheres. Já havia se formado no ensino médio e mesmo assim não quis fazer nenhuma faculdade e nem servir o exército. A esqueceu, aparentemente, pois para ele, ela era um fantasma, que surgia e desaparecia sem lhe deixar recados mas medo, e deixava o gosto de amor.

Por estas andanças da vida, descobrimos o nosso melhor e o melhor dos outros, de formas tão anormais, que nunca nos tomam novamente, são experiências únicas, que deveriam ser vividas realmente.

E ela foi feliz, conheceu lugares lindos, presenciou a neve e construiu um sentimento.

Eles se amavam, e ela já não pensava no seu amor juvenil. Fez planos maduros, aprendeu a tocar piano e já não gostava tanto da praia. Sua vida era muito subjetiva, sem muitas anormalidades, vivia uma rotina incansável, que na verdade era cômoda de mais.

E com o passar dos anos, deixou a desejar por loucuras, por água no corpo, balanço da rede e beijo na testa. Ele era romântico demais, acabavam saindo para lugares luxuosos, na companhia de pessoas que ela não havia se adaptado.

Como desculpa, sentiu saudades da sua família e voltou para o Brasil, com a promessa de que voltaria, quando na verdade nunca aconteceu.

Ele, como já havia de ser previsto, tornou-se um adolescente de 27 anos, com manias infantis e bebedeiras com amigos. Mulheres nunca lhe faltaram, mas a mulher, aquela que daria um rumo a sua vida, o cuidaria e o amaria sem escrúpulos, sem admirar apenas a sua beleza ou seu dinheiro. Ele nunca possuiu uma mulher, sempre teve muitas, e não deu valor a nenhuma. Sentia-se só, e quando isso acontecia, saia. Outra bebedeira, outras mulheres, noitadas, e no final, a solidão permanecia.

Não fazia absolutamente nada de sua vida, ajudava às vezes sua mãe, mas na maioria do tempo dormia, para curar seus porres.

Ela ficou na casa dos seus pais, achando sua cidade, mais uma vez linda. No momento em que reencontrou o seu lugar ao sol, correu para a água e o sal, molhando seus cabelos e rindo sozinha. Não demorou muito, buscou seu violão, tocou Bob Marley, em meio a uma fogueira.

Ironia do destino? Talvez.

Uma lua linda, iluminava novamente duas almas que se reencontravam, cansada, porém esperançosa. Sentiram o ritmo da canção, que tocou seus corações, os embalando novamente para o encosto do amor. Finalmente, juntos.

O amor é uma dádiva de Deus, e deve ser tratada com privilégio, pois nem todos conseguem a conquista deste dom, que é amar. Poucos o vivem, e os que o conseguiram já devem ser felizes para o resto de suas vidas. Enfim, o amor nos toca ao fundo da alma, é como morrer e sentir sabor de felicidade.

FIM!

Espero que tenham gostado ;)

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